sábado, 9 de abril de 2011

Peça: Quadros de Papalagui


Estreia: 05/03/2009 (XIII Colóquios Juvenis de Artes - Auditório Municipal de Esposende)
Reposição: 30/05/2009 (Auditório Municipal de Esposende); 15/04/2010 (X Mostra de Teatro Escolar - Auditório Municipal da Póvoa de Varzim)
Criação colectiva, com direcção, encenação e dramaturgia de Jorge Alonso e Nuno Fernandes
Produção conjunta: Clube de Artes Performativas (Escola Secundária Henrique Medina) e GATERC (Grupo Amador de Teatro Esposende Rio Cávado)
Operação de luz, som e imagem: Rafael Sousa, Jorge Alonso e Nuno Fernandes
Realização e produção vídeo: Rui Teixeira
Elenco: Ana Alves, Alice Longras, António Torres, Bruna Nunes, Catarina Magalhães, Francisca Gaifém, Gil Fernandes, Inês Areia, João Miguel, Maria Loureiro, Ricardo Bedulho, Inês Laranjeira (Criança), João Henrique, Joana Silva .

O processo criativo, da adaptação do livro ao espectáculo:

 "O PAPALAGUI" - discursos de Tuiavii, chefe de tribo de Tiavéa nos mares do sul. O Papalagui, ou seja, o Branco...é o homem europeu visto pelos olhos de Tuiavii, carregados de uma franqueza ingénua... 
O valor dos seus discursos reside na capacidade de nos interrogar, a nós próprios, sobre o verdadeiro conteúdo das coisas, dos nossos compromissos com a civilização e a cultura que herdámos e construímos. 
Vale a pena, para nós, homens brancos e "esclarecidos" ter conhecimento do modo como um indivíduo, ainda intimamente ligado à Natureza, nos vê a nós e à nossa cultura!
 Passado quase um século após a escrita do livro original, através dos seus olhos e das suas palavras, descobrimos ainda a nossa própria imagem, (o teatro do nosso próprio ser) e isso, com uma simplicidade que já perdemos...
Pela actualidade do tema, dos comentários recolhidos e do interesse manifesto iniciámos a construção de um guião que servisse de base dramatúrgica. Fizemos uma estrutura em quadros, o que possibilitou uma maior abertura e espaço criativo para outras linguagens. Quadros que dão imagem a temas seleccionados colectivamente: a falta de tempo, o consumismo, a necessidade de comunicar ou ser reconhecido que nunca chega a acontecer, a solidão de uma sociedade massificada e agora globalizada… a sociedade do espectáculo.

A acção, decorre num único cenário um espaço asséptico, vazio e procura desenvolver os subtis processos de uma rede de sem sentidos, de forma a que o mesmo gesto, a mesma acção, a mesma palavra, possa adquirir um tom cómico ou trágico, como a vida em si vista através de um caleidoscópio que se empenha em desfazer o previsível e, dependendo dos gostos, podermos converter uma coisa em todo o seu contrário. Recorremos a poucos elementos plásticos, apenas a figurinos brancos sobre o negro, uma breve alusão a um mundo formatizado, onde a forma impera sobre o conteúdo, uma repetição de corpos que passam e se repetem, sem neles termos noção do individuo ou personagem. 
As relações dos personagens e os seus problemas de comunicação são o objecto de uma procura de um relato com humor e crueldade. 
O gesto, a palavra, a frase mínima e o silêncio são alguns dos elementos que procuramos articular. Os personagens combinam-se de todas as formas possíveis, ao virarem para o exterior o seu carácter de aparência, revelam o seu vazio interior. 
A música e a imagem pautam a mudança, criando uma base dramatúrgica.  
A construção deste espectáculo foi um desafio à criatividade. Uma palavra aos intérpretes que encararam com muito empenho e entusiasmo este desafio e aí está o espectáculo, para se revelar em palco!





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